Graduada em Psicologia pela PUC/PR. (1992); Pós Graduada em Administração de Recursos Humanos pela UFPR.(1993); Mestre em Engenharia da Produção pela UFSC.(2002). Instrutora de treinamento no Senac – Curitiba. Desempenhei atividades acadêmicas, nas áreas de graduação, pós-graduação e ensino a distância. Capacitação para cuidadores e CMEI. Atualmente atuo com Orientação Vocacional e com Psicologia Clínica Infantil e Adulto.
sábado, 20 de julho de 2019
TRANSTORNO DO SONO
O sono é composto por dois estados fisiológicos: sono sem movimentos rápidos dos olhos (NREM) e o sono com movimentos rápidos nos olhos (REM). Os estágios do sono foram divididos em REM (Rapid Eyes Moviment) e Não- REM. As características do Estágio Não-REM são:
• 1º. Estágio: é um estágio de transição entre a vigília e o sono. Pode durar de 10 segundos a 10 minutos. A respiração fica mais profunda, os músculos começam a relaxar e entramos num sono bem leve. Esse relaxamento pode dar a sensação de queda que às vezes sentimos ao adormecermos.
• 2º. Estágio: dura de 10 a 20 minutos. É o começo do sono propriamente dito. Representa de 45 a 55% do período total de sono.
• 3º. E 4º. Estágios: É nessa fase, chamada de sono delta, que o hormônio de crescimento é liberado pela glândula pituitária e a recuperação muscular acontece. Pode levar a problemas específicos, incluindo enurese, sonambulismo e pesadelos ou tremores noturnos no estágio 4. É o sono mais profundo e representa cerca de 25% do período total de sono.
Em indivíduos normais, o sono NREM é um estado de quietude, comparado com a vigília. A freqüência cardíaca costuma ficar reduzida em 5 a 10 batimentos por minutos abaixo do nível do repouso em vigília e é muito regular. A respiração, e a pressão arterial também tende a estar baixa, com pouca variação de minuto a minuto. O potencial muscular de repouso da musculatura corporal é mais baixo no sono REM do que no estado de vigília (Kaplan & Sadock, 2007, p.807).
No estágio REM o fluxo sanguíneo, a freqüência cardíaca, respiração, temperatura e pressão sanguínea aumentam, e os olhos se movem rapidamente. Nosso cérebro fica ativo, sonhamos, porém nosso corpo permanece imóvel, pois o córtex cerebral bloqueia as atividades motoras. O primeiro período REM ocorre de 70 a 110 minutos após o início do sono e tem normalmente 5 a 15 minutos de duração. Os ciclos do sono se repetem de forma relativamente constante cerca de 7 vezes por noite aos 3 anos de idade, diminuindo até 4 a 5 na puberdade e se mantém desta maneira por toda a vida.
2.2 Funções do Sono
As funções do sono foram examinadas, e a maiorias dos investigadores concluíram que o sono serve tem uma função reparadora, homeostática e é fundamental para termorregulação normal e a conservação de energia.
Períodos prolongados de privação do sono por vezes ocasionam a desorganização do ego, alucinações e delírios. Privar pessoas do sono REM, acordando-as no início do ciclo aumenta o número de períodos e a quantidade de sono REM. A falta deste tipo de sono pode provocar irritabilidade e letargia (Kaplan & Sadock, 2007, p.810).
Uma análise recente observou que a privação de sono compromete seriamente o funcionamento humano, com evidências de que o humo é mais afetado do que outras funções cognitivas ou motoras. Mesmo a privação do sono por curso prazo (<24 horas) pode comprometer o desempenho psicomotor em adultos saudáveis mantidos acordados por um período de 28 horas após uma noite normal de sono. Nesse grupo, o desempenho começou a declinar após 17 horas acordado, atingindo o seu menor ponto entre 22 e 24 horas. Depois, mesmo que os indivíduos permanecessem acordados, o desempenho começava a melhorar entre 27 e 29 horas, refletindo os efeitos de ativação do processo C, a influência circadiana no despertar (Reite, 2004, p.60).
Dando continuidade a Reite, pesquisas demonstram como níveis crescentes de álcool no sangue podem diminuir de forma semelhante o desempenho, os pesquisadores administram subseqüentemente quantidades de álcool a mesmo grupo de indivíduos após eles terem uma noite normal de sono. Esta claro que efeitos adversos relacionados à sonolência podem causar acidentes industriais, domésticos, e no nosso estudo em evidência – no trânsito.
O condutor muitas vezes é exposto à privação do sono devido a prazos a cumprir, necessitando ter elevadas horas de trabalho, gerando assim, alto nível de stress, como conseqüência desencadeando o distúrbio do sono, e com isto, muitas vezes poderá ocasionar acidentes nas rodovias brasileiras.
Alguns indivíduos dormem pouco, necessitando de menos de seis horas de sono a cada noite, para funcionar de forma adequada. Os que dormem muito são os que necessitam de mais de nove horas a cada noite para funcionar de maneira satisfatória.
Para Kaplan & Sadock (2007, p.810), sem indicadores externos, o relógio natural do organismo segue um ciclo de 25 horas. A influência de fatores externos – como luz-escuridão, rotinas diárias, períodos de refeições e outros sincronizadores externos – adaptam os indivíduos ao relógio de 24 horas. O sono também é influenciado por ritmos biológicos.
As principais queixas do transtorno do sono por trabalho em turnos são (Reite, 2004, p87):
• Fadiga crônica, sonolência e comprometimento do desempenho profissional;
• Dificuldade em iniciar o sono;
• Duração reduzida e má qualidade do sono;
• Queixa de estresse com o trabalho, depressão, problemas emocionais e perturbação na vida familiar;
• Queixas somáticas, especialmente relacionadas com sistema gastrintestinal;
• Aumento do consumo de álcool, tranqüilizantes ou pílulas para dormir, visando a reduzir o estresse e aumento o tempo do sono;
• Excesso de consumo de cigarros e café para se manter alerta.
Pesquisas apontam que muitos acidentes de trânsito poderiam ser evitados se os turnos de trabalho fossem respeitados, proporcionando uma melhor qualidade de vida ao indivíduo, que conseqüentemente reduziria o número de acidentes nas rodovias brasileiras.
É importante que cada indivíduo conheça seu biorritmo, assim poderá optar pela profissão adequada ao seu ritmo de sono. Por exemplo, pessoas que necessitam dormir nove horas e no período noturno, nunca poderão trabalhar em empresas no período noturno. Se ele for contra seu biorritmo, desencadeara stress ocupacional, podendo levá-lo a uma seqüência de acidentes de trabalho. O mesmo ocorre com o condutor, que desencadeara acidentes nas rodovias brasileiras, por não respeitar ou conhecer seu biorritmo de sono.
2.3 Transtornos do Sono
Os principais sintomas do sono variam de uma pessoa para outra. Uns necessitam de nove a dez horas de sono por noite, outros menos. Quatro sintomas principais caracterizam a maioria dos transtornos do sono: insônia, hipersonia, parassonia e alteração do ciclo sono-vigília. Os sintomas por vezes se superpõem e são descritos a seguir (Kaplan & Sadock, 2007, p.811):
• Insônia: É a dificuldade de iniciar ou manter o sono. É a queixa mais comum relacionada ao sono e pode ser transitória ou persistente. Muitas vezes as causas são os altos níveis de ansiedade e a tensão somática.
• Hipersonia: Se manifesta como quantidade excessiva de sono, sonolência diurna excessiva ou ambas. O termo sonolência deve ser reservado para pacientes que se queixam de sonolência e que têm uma tendência bastante evidente de adormecer subitamente no estado de vigília, o que têm ataques de sono e que não podem permanecer acordados. Aqui entra o nosso condutor, principalmente nos momentos que se encontra cansado e exausto.
• Parassonia: Trata-se de um fenômeno incomum ou indesejável que aparece de forma repentina durante o sono ou que ocorre nos limites entre o despertar e o adormecer. Geralmente ocorre nos estágios 3 e 4 e, assim, se associa à recordação difícil do transtorno. Envolve o deslocamento do sono de seu período circadiano desejável. Os indivíduos não podem dormir quando desejam, embora sejam capazes em fazê-lo em outros momentos. Além disto, não conseguem ficar plenamente acordados quando querem, mas são capazes de ficar despertos em outras horas. È considerado um desequilíbrio no alinhamento entre os comportamentos de sono e vigília.
O artigo de Canani e Barretos mostra a sonolência diurna excessiva, assim como o excesso de velocidade, o uso de álcool, a imprudência e o mau tempo podem ser a causa de inúmeros acidentes automobilísticos.
Nos últimos anos a possibilidade de que a sonolência excessiva tenha relação com os acidentes tem sido considerada e a literatura médica tem divulgado resultados de investigações a este respeito, embora, tanto os resultados obtidos como a metodologia empregada nestes estudos ainda não permitam conclusões definitivas. Uma das principais razões para tal limitação é o fato de que, mesmo do ponto de vista legal, nem todos os laudos de acidentes incluem a palavra sonolência como causa de acidente. Além disso, a caracterização das evidências de que a sonolência tenha provocado o acidente é na maioria das vezes difícil de aferir, uma vez que a sonolência não pode ser quantificada com um exame laboratorial rápido como o que se aplica quando existe a suspeita de abuso de álcool.
Até o momento, a possibilidade de que a sonolência excessiva possa ser causadora do acidente é considerada na presença das seguintes situações: ausência de marcas de pneus na área do acidente; colisões contra obstáculos fixos; acidentes com um único veículo ou o relato do próprio motorista de ter adormecido ao volante.
Estudos epidemiológicos realizados pelo grupo do New York Thruway Studies estimam que aproximadamente um terço dos acidentes automobilísticos fatais são causados por motoristas em estado de sonolência (Canani e Barretos).
As estatísticas no Brasil envolvendo sonolência excessiva e acidentes automobilísticos são ainda pouco divulgados. O neurologista Geraldo Rizzo realizou uma pesquisa nas três rodovias mais movimentadas do Estado do Rio Grande do Sul no ano de 1998, entrevistando 1.000 motoristas (33% eram caminhoneiros), com o objetivo de avaliar a qualidade e a quantidade de sono. Concluiu que, embora a maioria dos motoristas tenha afirmado que a sua qualidade do sono era boa, foram encontrados indicadores de privação de sono. Nessa pesquisa ainda, 20% dos entrevistados apontaram a fadiga e a sonolência como razões para acidentes automobilísticos prévios (Canani e Barretos).
2.4 Transtorno do Sono Relacionado à Respiração
A síndrome da apnéia obstrutiva do sono que é caracterizada pela parada respiratória durante o sono, deve ser diagnosticada pela polissonografia e tem na hipersonolência diurna um de seus sintomas mais importantes. Apresenta como fatores de risco o aumento da circunferência do pescoço e a obesidade. Embora a relação entre obesidade com apnéia obstrutiva do sono e ronco não seja completamente entendida, parece que a obesidade diminui o tamanho da faringe e
aumenta sua colapsabilidade. O aumento na circunferência do pescoço, melhor marcador para deposição central de gordura que o índice de massa corporal tem demonstrado ser importante preditor de ronco e apnéia obstrutiva do sono.
Caracteriza-se por perturbação do sono ocasionando sonolência ou insônia excessiva decorrentes de um transtorno da respiração relacionado ao sono. Problemas na respiração que possam ocorrer durante o sono incluem apnéia, hipopnéias e dessaturação do oxigênio (Kaplan & Sadock, 2007, p.821).
Para Kaplan & Sadock (2007, p. 821), a apnéia pode ser uma condição perigosa. Pensa-se que ela é responsável por um número de mortes inexplicáveis. Pode ser a causa de muitas mortes cardíacas e pulmonares em adultos e idosos. Os episódios podem produzir alterações cardiovasculares, incluindo arritmias e modificações transitórias da pressão arterial em cada crise apnéica.
Quem sofre, tem o sono interrompido várias vezes durante a noite e não completa as cinco fases necessárias para que a pessoa acorde descansada, representando um risco sério para a saúde, podendo causar estresse, depressão, hipertensão e doenças cardíacas, o distúrbio afeta diretamente as atividades do cotidiano, especialmente no trânsito. Como o condutor acorda cansado, sem disposição e irritado, seu desempenho no trânsito é diretamente prejudicado.
A parte cognitiva também é afetada, e a dificuldade de concentração e os problemas de memória atrapalham. Em longo prazo, a pessoa diminui consideravelmente seu desempenho e seu interesse, afetando sua qualidade de vida.
De acordo com a American Academy of Sleep Disorder (Academia Americana de Distúrbios do Sono), pessoas com distúrbios do sono têm uma probabilidade sete vezes maior de sofrer um acidente de trabalho. "Quem trabalha em turnos deve tomar mais cuidado com os acidentes", reforça o especialista (RevistaCorpore).
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